Carta #3 - Para o meu pai.

domingo, setembro 04, 2011 3 Comments


Carta #3

Petrolina, 04 de setembro de 2011.

Ao meu querido e tão amado Emanoel: chefe, amigo e pai.

Já faz uns dias que ando querendo escrever as coisas que esqueço de te dizer e as outras coisas que te digo sempre e, ainda, as tantas outras que o senhor me pergunta em meio à amenidades e que tem sempre um toque tão profundo que não me faz querer ser  menos que eu mesma quando converso com você.
Eu tenho tanto pra te falar e ainda mais para agradecer por tudo o que o senhor fez e faz por mim, pelo seu tempo e carinho e risos e silêncio.
Ainda ontem, eu era só uma menina com duas maria-chiquinhas e uma janelinha naquele sorriso infantil. Ainda ontem, eu estava ardendo em febre, 42º era o calor do meu corpo e o senhor estava lá, me dando banho e colocando meias banhadas em álcool para baixar a temperatura, lógico que com a ajuda preciosa da minha estimada mãe. Ainda ontem, o senhor me levava para o hospital por causa de uma crise de asma e me deixava sentada em seu colo enquanto minha respiração se estabilizava. Ainda ontem, o senhor me ensinava que não importa o que os outros fazem com a gente, o que importa mesmo é como nós decidimos nos comportar diante deles. Ainda ontem, o senhor me pedia para abandonar o basquete pois meus joelhos já não aguentavam tanto esforço e eu chorava dizendo que não ia parar, pedia para que o senhor entendesse como eu gostava de estar em quadra. Ainda ontem, soube por Neto e Aldson, que o senhor estava chorando porque eu ainda não tinha chegado em casa e desde cedo não tinha dado notícia. Quanto a essa parte, me desculpe, meu celular tinha descarregado e eu não me dei o trabalho de avisar, o senhor sabe que não sou muito afeita a telefone. Ainda ontem,  eu pedi um cachorro de presente e contrariando mainha e Yuri, o senhor me deu um golden lindo, que decidimos chamar de Duque. Ainda ontem, Duque, ainda tão pequeno e frágil, teve uma intoxicação. Ficamos a tarde inteira no hospital veterinário com ele, até o senhor ter que voltar para a associação. Eu voltei para casa com Yuri. Meia hora depois, o senhor chega e olha pra mim e eu lembro de pedir ‘pai, por favor não...’ e o senhor me abraçar e dizer como sente muito. Cinco meses depois, o senhor me dá um novo golden, Logan, um pequeno e atrevido capetinha.  É realmente bom saber que, mesmo após 4 anos e dezenas de havaianas e pares de meias e cuecas comidas, paredes descascadas e outras inconviniências e olhares caninos e lambidas e pulos de alegria, ele é nosso e será sempre.
Ainda ontem, o senhor me perguntava se era mesmo medicina o que eu queria e que, pelo meu perfil, eu seria uma excelente advogada. Não sei se o senhor falava pela vontade de ter alguém seguindo os seus passos (que eu sei que a vontade de um de nós, eu ou Yuri, seguir a sua carreira, te deixaria muito orgulhoso) ou se o senhor falava porque, de fato, acreditava no meu potencial para a advocacia e afins, mas sei que fiquei com medo de dizer que era medicina mesmo o que eu queria -e ainda quero apesar de ver um sistema extremamente precário no que concerne a saúde pública e uma formação do profissional de medicina que, muitas vezes, me dá nojo . Tive receio de desapontá-lo. Mas ouvir o senhor dizer que se era mesmo aquilo que eu queria, lutaríamos juntos para que meu sonho se tornasse realidade. Estaríamos juntos.
Ainda ontem, eu pensei em desistir e o senhor disse que não ia me deixar desistir, que apesar das dificuldades, ainda estávamos juntos. Ainda ontem, eu soube que tinha sido aprovada, mas nada me causou mais alegria que ver o senhor, mainha, vovó, Yuri, Sarah celebrando não a minha vitória, mas a nossa.
Ainda ontem, eu disse que não queria mudar para outra cidade, estava com medo de perder vocês, meus amigos, Logan... e o senhor, me acalmou dizendo que era só mais uma etapa da minha vida, que, mais uma vez, estaríamos juntos.
Ainda ontem, eu fui diagnosticada com depressão profunda e transtorno do pânico e o senhor talvez até faça ideia da vergonha e do medo que isso me causou. Estava mesmo com medo por causa da doença, eu ser menos merecedora do seu amor, do amor de vocês. E todo aquela conjuntura só fez estreitar e fortificar ainda mais nossos laços.
Ainda ontem, eu era só uma menina com medo de mudanças. E veja só, as coisas mudaram tanto. Inclusive meu amor e gratidão por você.
Hoje, eu sei coisas que eu não sabia, vejo coisas que passariam imperceptíveis e já não tenho mais medo ou vergonha de falar das coisas que eu sinto. E é por isso, pai, que hoje essa carta é pra você. Quero te dizer, por mais que você já saiba, o quanto eu te amo e o quanto eu tenho certeza que Deus me ama, por ter me dado um pai como você. 
Eu não sou mais aquela criança, tive que crescer e não houve outro jeito, mas sei que tudo que sou é graças a você e a mainha. E se hoje sigo por um caminho tranquilo é porque houveram pessoas que me ajudaram a fazê-lo.
E eu só quero agradecer. Por tudo. Por todos os momentos, bons e ruins, que contribuíram para que amadurecêssemos juntos, para que pudéssemos nos reconhecer como seres únicos mas, ao mesmo tempo, iguais... para que fôssemos mais do que  família, para que fôssemos nós.
   
Eu não quero ser tudo, mas se eu for metade do que o senhor é para mim, sem clichês, eu sei que estarei bem.

Com amor,
Emanuelle.

Emma

Some say he’s half man half fish, others say he’s more of a seventy/thirty split. Either way he’s a fishy bastard.

3 comentários:

  1. Que lindo.


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    http://mundofashionfemenino.blogspot.com/

    Beijinhos!!!

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  2. Obrigado minha filha. Ao ler esta carta me emocionei, peço desculpas por isso. Agradeço, todos os dias, a DEUS por ter uma filha como você. Tenha certeza, sempre estaremos juntos. Eu te amo muito, Beijos.

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  3. adorei seu blog : ri muito com a charge do post kkk muahh
    http://vitorianoweleseelas.blogspot.com beijos de grife

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