Dos contos sem fim
A verdade é que eu sempre fui sozinha. Fiz da solidão a
minha melhor companhia, poderia dialogar horas a fio pela noite que findava no
orvalho da manhã sem cansar. Mas o cansaço, sempre, de alguma forma, me
alcançava. Deixava o corpo mole, letárgico. Quase perdia as vontades. Era
difícil encontrar-me em meio a tantos devaneios, dúvidas e sentimentos que
garoavam dentro de mim, mesmo em dias e noites extremamente quentes.
‘Parece que vai garoar... Sempre garoava’.
Queria poder descansar a solidão que meus braços carregavam
e despejá-la em outros braços, abraços que se faziam sem provocação. Queria
dividir. Difícil era achar alguém disposto a receber toda essa carga de
sentimentos medíocres. Serão mesmo medíocres? Ou só o são, se são, devido à
inabilidade de compreender o que nos dói, nos afasta, nos destrói?
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