Ação de graças
Hoje é o feriado de ação de graças nos Estados Unidos, e eu aqui, no Brasil, me debatendo sobre o que deveria ser grata. E por que, raios!, há um feriado para isso? Eu posso passar o ano inteiro sendo uma bastarda, mas nesse dia eu tenho que dar graças a algo. E se eu não acreditasse em Deus, a quem deveria ser grata? Ao universo e todas as suas remotas possibilidades que se confirmam assim que viro a esquina? Não, muito impessoal. E se eu não acreditasse em nada, mas fosse uma pessoa de bem com a vida e que valoriza a natureza e a humanidade com todas as peculiaridades que lhe são inerentes, ainda deveria dar graças, mas, de novo, a quem?! A mim?! Aos outros por me possibilitarem exercer todo o meu altruísmo sem medidas? (…)
De qualquer forma, o primeiro pensamento é: tanta coisa. Tanta coisa, o quê? Mais uma vez me debato nas minhas perguntas informes. Talvez deva ser grata pela separação dos meus pais, ou pelo rompimento de um relacionamento, ou pelos ataques de pânico, ou pelas crises depressivas, ou pela ansiedade que tem me roubado as melhores ideias, pela ausência de pessoas queridas… Não, não vou me afundar em dores, também houve coisas boas: ganhei um carro, fiz intercâmbio, ganhei um concurso literário. Tampouco vou me resumir ao material porque tal qual a efemeridade da beleza, uma hora tudo isso só existirá na minha lembrança. Então me atenho ao que sempre será meu de fato: tive por 28 anos, um exemplo de parceria, aprendi que o fundo do poço é relativo, que o coração acelera, o medo vem, a irracionalidade sobrepuja, mas passa, tudo passa; tive o prazer de conhecer pessoas maravilhosas e por mais que não estejamos juntas hoje, mudou o meu modo de pensar, me ajudou a crescer; percebi que a dor é necessária, assim como o fogo no refinamento do ouro.
Sim, devo ser grata (sou grata a Deus, pois creio nEle como creio no sorriso de uma criança que corre ao vento), não só hoje, como todos os dias: ser grata por todas as coisas que contribuíram para que hoje estivesse aqui, boas e ruins, afinal tudo coopera para o bem daqueles que amam a Deus (assim creio). Sou grata por poder dar graças e ser capaz de reconhecer a grandiosidade do que, para muitos, é invisível. Sou grata porque sei que aconteça o que acontecer, sempre haverá um meio de seguir em frente, sou grata pela vida, por estar viva e poder viver – no seu mais amplo significado.
E você, pelo o que é grato(a)?
gostei do post, se eu tiver-se que agradecer algumas coisa, é continuar fazendo o que gosto.
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