Miranda, ciranda

quarta-feira, fevereiro 16, 2011 2 Comments


-Isso não está funcionando... –Disse ela com a voz calma.
-O quê? – perguntou ele levantando a cabeça e mirando-a por breves segundos.
-Isso – começou ela impaciente, fazendo gestos longos com os braços – você fingindo que a esqueceu, que ela não te interessa, que ela não significa nada para você.
Ele baixou a cabeça, encarou os próprios pés, que agora, mexiam-se bizarramente, como um tique nervoso ‘para frente-para trás’, estranhamente sem ritmo, o movimento era discordenado.
-E daí, que ela te deu o maior pé na bunda?! Não é o fim, mulheres outras irão surgir, não sei por que gastar tanto tempo pensando em alguém que não te merece.
-O que você quer, Miranda?
O que Miranda queria? Que ele percebesse que era ela a mulher que merecia aquele amor bandido e mal-amado, desnaturado, sem noção. Sim, porque era isso que aquele amorzinho de quinta era: um tremendo filho de uma meretriz. Aquele amor que entra sem ser convidado, que fica na festa chamando atenção, dançando no meio do salão, se esbaldando, cantando cazuza “daqui a eternidade, nossos destinos foram traçados na maternidaaadeeee”, não levava presente e ainda roubava brigadeiros da mesa de doces e ia embora sem se despedir. E as pessoas ficavam procurando por ele, ficando de joelhos para procurar embaixo das camas, porque menino levado que era, ele bem que poderia se esconder ali. Vasculhavam quintais, ficavam na lama à procura de qualquer indício daquele amor moleque, atrevido. (Havia chovido na noite anterior, por isso a lama).  E era nesse momento que as pessoas começavam a se desesperar, e teimavam em buscar qualquer prova que testificasse que o amor estivera ali, que por algum momento fora real... não era imaginação.
-Eu quero você de volta. Quero meu amigo de volta. Tem tanta coisa boa pra se viver aí fora, tanta coisa pra ver, tanta gente pra conhecer... tanta gente pra notar. Você passa tanto tempo de cabeça baixa, pensando no que deu errado, que você nem nota que tem gente que gosta de você. (...) E gosta de verdade. – Ela sentou-se ao seu lado e continuou – Como você pode simplesmente não notar? Desde o começo, esse romance estava fadado ao fim, mas você quis se iludir, apesar de todo aquele comportamento pretensioso e medíocre que ela fazia questão de demonstrar. Você não era assim... você costumava brilhar, iluminar meu dia, me fazer sorrir...
-Miranda...
-Sinto falta de mim com você. Das coisas que a gente fazia...
- Eu só preciso de um tempo...
-Eu sinto muito, mas não posso continuar assim, tentando fazer você perceber o óbvio. Toma teu tempo, pensa, não esqueça de viver enquanto isso, porque a vida é ligeira, a gente se remenda no caminho e não esqueça de quem gosta de você de verdade, de quem te quer bem, porque é isso o que vale a pena – Levantou e num sussurro disse as últimas palavras e partiu: o mais importante, volte... antes que seja tarde, antes que as estrelas acabem.

Maggie

Some say he’s half man half fish, others say he’s more of a seventy/thirty split. Either way he’s a fishy bastard.

2 comentários:

  1. Nem preciso comentar né, acho que desde que comecei a te seguir e ler os teus textos me apaixonei *-* você escreve de uma forma, que dá para sentir. Achei lindo, e você restaurou o blog, ficou perfeito (: parabéns. Assim que eu terminei de ler "Miranda, ciranda" me fez lembrar do meu termino com o meu ex, essas coisas na vida são tão impactantes que forçam a gente ter aquela pessoa que um dia foi o nosso grande amor, pra sempre em nossas inúteis mentes :/

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  2. aawn, valeu Elis!
    é verdade, a gente, mesmo sem querer lembra (e muito). Mas é sempre bom ter em mente só as coisas boas! ;)

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