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quarta-feira, novembro 24, 2010 0 Comments

Baseado na matéria “Corrupção nossa de cada dia” feita pelo Rafael Dantas para o Jornal do Comércio.

A corrupção já está tão atrelada à cultura brasileira que pequenos atos desonestos passam a ser vistos somente como falta de boa educação, sendo, até, muitas vezes justificada como o famoso jeitinho brasileiro. Malandro é malandro, mané é mané já cantava Bezerra da Silva em seus adoráveis sambas; o problema é que não é só ao samba que se restringe essa mania de esperteza.

Se você já foi ao centro de uma cidade grande, provavelmente há de se lembrar da quantidade de camelôs vendendo produtos pirateados nas calçadas e deve lembrar-se mais ainda da quantidade de pessoas que compram esses produtos, justificando-se pelo baixo custo.
O problema de produtos pirateados é que não há nota fiscal; como não há nota fiscal não há pagamento de impostos; como não há pagamentos de impostos, os benefícios não são revertidos para a sociedade. Todos são prejudicados, e são especialmente as pessoas de baixa renda que pagam mais caro.
Outra ação bem comum é o “trocado para o guaraná” do guarda quando ele para seu automóvel e, por algum motivo, você está irregular. Você alivia a minha barra e eu te agrado. “Todos saem ganhando” é o primeiro pensamento. Será que é assim mesmo? Quando isso acontece, a prática desonesta se multiplica, a impunidade se alastra. Com que moral o brasileiro exige a punição e cassação de políticos corruptos? Será que há uma escala de quem é mais corrupto que outrem, a ponto do menos corrupto poder exigir que a lei se cumpra? Ou a corrupção é uma só?

Para o professor e sociólogo da UFPE, Dacier de Barros (citado na matéria), “a impunidade assume uma função antipedagógica servindo como um modelo equivocado para a população. 'A sociedade civil vive um reflexo hoje do que ela vê nos estratos superiores da sociedade. Por isso, a corrupção tem que ser tratada primeiramente por cima', argumenta Dacier.
Os atos antiéticos que passam impunes acabam sendo um reforço para que novas pessoas ajam da mesma forma. 'Para viver em sociedade, precisamos de limites. Se alguém faz algo errado e não recebe punição, o ato irá se repetir', diz a psicóloga Michelle Diniz, que é professora de psicologia da personalidade da Faculdade Maurício de Nassau.”

Os transtornos de uma atitude errada não param por aí; elas também afetam o caráter da criança, uma vez que a família é o primeiro referencial de construção de personalidade. Portanto, é preciso ter cuidado.
“'A criança reproduz muito do comportamento de quem está à sua volta', afirma Michelle Diniz”. Ela ainda chama atenção para aquela velha história que, creio eu, todos escutaram um dia; “Faça o que digo, não faça o que faço.” De acordo com a professora, essa é uma das atitudes mais equivocadas que os pais têm: “Se há um abismo entre o discurso e a ação, é impossível construir um comportamento ético.”

A apatia dos brasileiros em relação aos desmandos públicos só não é pior porque escândalos, escandalosos, mensalões, meias, cuecas, panetones, mensaleiros, povo, políticos corruptos estão todos no mesmo barco.
Enquanto não houver um stop nesse ciclo vicioso, o Brasil continuará tendo, por muitos anos, como carro-chefe o carnaval e o futebol.
A propósito,o Brasil ocupa a 73º posição no ranking da corrupção no setor público divulgado pela ONG Transparência Internacional em dezembro.

Uma última pergunta: E você, é corrupto?

Maggie

Some say he’s half man half fish, others say he’s more of a seventy/thirty split. Either way he’s a fishy bastard.

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