Sabe o que eu mais gosto na política? Esse fingimento desmedido  por parte de alguns políticos, o saber popular (eu explico melhor já já) e os vídeos no YouTube. Nossa, época de eleição há um bombardeio de coisas grotescas na tv. E isso me faz rir, não somente rir, mas rir muito!

Essa semana, antes das eleições, Velma, a empregada da nossa casa (por favor, aos mais sensíveis: não fiquem chateados porque eu disse empregada, eu poderia ter dito: secretária do lar ou afins, mas a própria Velma diz que não se importa, afinal ela é empregada mesmo – palavras dela) chegou contando que vai passar a perna em dois políticos. E eu, no alto da minha inocência, perguntei: como?! Ela olhou pra mim e respondeu como se dissesse a coisa mais óbvia do mundo: Tu lembra que eles me contrataram para fazer boca de urna? – Ela nem esperou resposta e continuou – Pois bem, digo que vou fazer, pego o dinheiro deles e não voto em nenhum dos dois. E riu. Eu ri também, porque entendi que essa atitude era a vingança dela. A pequena vingança de uma doméstica, que mora num bairro pobre, afetado pela violência e sem perspectivas. Era o jeito dela dizer a todos esses politicozinhos que não era idiota.  Não achei certo, porque não creio que errado com o errado se paga, mas não a condenei.  Esse caso faz parte do saber popular. Esse saber que, para a grande maioria dos brasileiros, é egoísta e por condições a quais são submetidos só conseguem pensar no próprio umbigo. Nada mais natural... é a (des)ordem das coisas.

Por falar em idiota, nada mais vergonhoso que ver Tiririca eleito com uma quantidade absurda de votos. E mais absurdo ainda é saber as motivações que levaram as pessoas a votarem nele. Não tenho nadica de nada contra Tiririca, ao contrário, me divirto com as piadas e seu jeito de ser. Mas daí a estar decidindo o futuro do meu país em Brasília já é um pouco demais.  Nunca me senti tão idiota na vida. Uma vergonha total e moral e desmedida é o que sinto agora. Gente, por mais desiludidos que estejamos com a política brasileira,ou por qualquer outra razão, é o futuro do país que está em jogo, é o futuro das pessoas que moram nesse país, é o futuro da vida das pessoas que moram nesse país. E com isso não se brinca, é uma responsabilidade muito grande. Me pergunto quando vou parar de ouvir dos meus amigos gringos que eu  sou do país do futebol, das mulheres bonitas (a propósito, a fama das brasileiras na Europa não é das melhores não, viu? Em um número considerável de vezes, somos tidas como mulheres fáceis, onde um gringo pode conseguir sexo facim, facim.), do carnaval e só. Porque é só isso até agora. Poucas são as vezes em que um gringo ou outro vem falar de como o Brasil tem se projetado no cenário mundial, parafraseando: se projetado com respeito. E é nessas horas, ao ver quem foram os eleitos para levar as questões que eu, como povo, acho importantes para o plenário que tenho profunda vergonha de ter nascido brasileira. E me pergunto se só sou eu...  Não pode ser possível...

E antes que venham me dizer que eu poderia ter nascido num lugar pior, sim, poderia, mas não nasci. E portanto, me preocupo com as questões do meu país e do meu povo.

Gente, nesse segundo turno, sejam frios e objetivos... votem em quem realmente pode fazer algo melhor pelos brasileiros. Não pense só em você, ninguém cresce sozinho... para o país desenvolver é preciso que os quatros cantos do Brasil cresçam juntos, lógico que uns lugares crescerão mais rápido e com melhor qualidade do que outros, mas é imprescindível que todos cresçam.  Sabe o que eu acho pior na política brasileira? Os brasileiros.  Diz um ditado que o povo tem o governante que merece. E, sinceramente, não acho que eu mereço Tiririca defendendo minhas questões. Não acho que o povo do Rio de Janeiro, mereça Romário defendendo seus interesses.  E até quando vamos olhar isso e ficar calados? Até quando esse comodismo será cômodo?  Cansei de ser a palhaça desse circo chamado Brasil. E você? Cansou?

Acho que no fundo, no fundo, tinha medo que o Brasil fosse mesmo um país de todos.