E aí, larari...
Olho a minha gaveta (antes tão prazerosamente visitada,
agora é só mais uma constatação dos meus fracassos diários) e vejo os textos
pela metade, as ideias engavetadas, as vontades guardadas e com medo de se
transpor em papel, linguagem escrita, medo de ser interpretada e compreendida.
No meio de tanta bagunça, e pequenas relíquias, encontro o
que me falta. A vontade adormecida, prestes a acordar, pensamentos que, por
descuido, permanecem escondidos mas que quando em vez trazem toda a ousadia do
salto no escuro.
Penso, e penso. Quanta coisa mudou, quanta coisa ainda vai
mudar. O que era já não tem tanta força
e pouco a pouco adormece no
esquecimento. Já não há timbre que me faça suspirar, já não há o frio no
estômago do encontro postergado para a próxima esquina...
E eu me acabo aqui, entre redemoinhos e cata-ventos,
rodopiando num tablado feito para um.
Já passou da meia noite, a cidade dorme e o coração pulsa. É
tarde... nunca é tarde. É sempre um começo.
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