uma constatação

segunda-feira, novembro 14, 2011 2 Comments

Quase duzentos quilômetros, uma estrada e muito tempo pra pensar.  Você pode fazer planos, sonhar um futuro brilhante e cheio de coisas fofas.  Mas são só planos. É o destino ou Deus e seus planos que custamos - eu pelo menos - a entender. E você faz as coisas, se engana, ilude e acredita – tudo muito solitário.  Você ora e pede uma segunda chance que nunca virá, se contenta com o gosto amargo do que já não é, do perdão que tarda a vir. Você, em certo ponto, entende que já não importam os esforços, a saudade ou o peso das lágrimas contidas. Nada pode ser mudado. E quando a perspectiva do futuro é tão ou mais assombrosa que as memórias do passado, o peso se torna demais, mas dizem que Deus dá o frio conforme o cobertor. (...)  
É que, às vezes, a fé falha.

E você continua seguindo, sendo, sentindo apesar dos ventos contrários.  Entra tanta gente sem graça e sem nenhuma cor, você continua sendo um puro-sangue que puxa carroça, um às fora do baralho.

Amigos imaginários fingem ser de carne e osso, se confudem no que é real. E somem.  E voltam. E você desconhece. E descobre que é melhor abrir mão e deixar que Deus tome conta do resto.  Porque não dá pra insistir sempre, cansa.  Não dá pra ser sincero nos dias de hoje, dá? Não dá pra se importar nos dias de hoje, dá?

Muito prazer me chamam de otário por amor às causas perdidas.

Definitivamente, não sei lidar com vazios.  Pessoas, coisas.  O pequeno príncipe me influenciou demais e já é tarde para tentar consertar o que, imagino, não precisa de conserto. Porque outra coisa você aprende: quando você se conhece bem demais, é quase certo que o problema não é com você. Talvez até seja pelo fato de você não conseguir se ater à superfície, as viagens sempre serão mais profundas e complexas.

É a vida. Sempre tão contraditória e irônica. Para os viajantes um  outro aviso: já que não dá pra fugir de nós mesmos, que sejamos quem somos apesar de, apesar dos que. Porque a vida continua. E ela é muito grande para perdermos tempo por aí. É só não esquecer de colocar um casaco, um protetor solar e uma dose extra de amor. Porque é que nos sobra, em qualquer tempo.

Tudo bem, até pode ser que os dragões sejam moinhos de vento.  

Mas é que tudo passa no fim das contas. A dor, a saudade... tudo se esvai no vento à medida que o tempo passa.  Embora, muitas vezes, a gente se permita sofrer mais que o necessário talvez como uma forma de auto-punição, talvez porque a gente tem medo de continuar andando. E o medo... ah, o medo é avassalador.  Faz a gente perder tudo que já está guardado para nós, faz com que adiemos a felicidade para a próxima parada, mas ela nunca chega.

Mas muito prazer... ao seu dispor se for por amor às causas perdidas.


E eu vi que já estava cruzando os limites quando  o jornalista cumprindo seu papel pergunta se está tudo bem.  Respondi mais alto do que queria que não. 

E lembro:


Eu não devia te dizer
mas essa lua

mas esse conhaque

botam a gente comovido como o diabo. Drummond

Emma

Some say he’s half man half fish, others say he’s more of a seventy/thirty split. Either way he’s a fishy bastard.

2 comentários:

  1. Nossa... esse texto deu certinho com o dia de hoje pra mim,
    pois é meu Niver! rsrs
    adorei!

    bjos

    http://floresmaquiadas.blogspot.com/

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  2. Que lindo texto

    Oi estava visitando alguns blogs e encontrei o seu blog adorei...
    Já estou seguindo

    http://marifriend.blogspot.com/
    @Storieandadvic
    Espero sua visitinha, adoraria que você seguisse também.
    Beijo

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