Viver vivendo

domingo, março 27, 2011 1 Comments

Já nem me lembro quanto tempo  faz desde a última vez que te vi, que ouvi tua voz sussurrar promessas que nunca se cumpririam. Faz pouco tempo desde que decidi mudar e que desisti de costurar os retalhos de nós dois.
Ainda sinto a tua falta. Às vezes, é deveras insuportável o peso da tua ausência tão presente na minha pele. Mas pior ainda seria pensar que eu só existiria se fosse com você. Descobri que não. E foi uma agradável surpresa. Descobri que posso me virar sozinha, voltar aos meus sonhos, outrora renegados pelo brilho da tua realidade. Estava com medo de seguir em frente, acreditava que só conseguiria me levantar se fosse a tua mão a vir ao meu encontro. Mais um erro... Eu caí, verdade, mas mãos ammigas seguraram-me pelas mãos, cotovelos e outras me ajudaram com a postura correta enquanto outras, ainda, secavam as lágrimas que teimavam em cair e deixar um rastro pesado na face de uma menina de dezoito anos. Era isso que era e por mais que não queira ainda sou uma menina.
Me olhando no espelho demorei a reconhecer a face com olheiras e olhar triste, parecia que a morte tinha me levado toda a altivez e me deixado com uma alma quebrantada e um coração em pedaços. Foi assim enquanto me acostumava com a falta de sentimento, a ausência do sentir. É sempre assim: algo bonito morre, você vive a morte e o luto dentro de você, sofre por achar que é uma dor só sua e de tão sua, você não consegue externar nada que te alivie da dor diária, segundo à segundo, até que um dia você repara que o céu continua azul,  que a flor continua a desabrochar e percebe que apesar de todo egoísmo e apego à dor, que a vida continua. E que ela é bonita apesar de. E que você merece viver os dias ensolarados  e brilhantes apesar de. É quando você cresce, quando você volta a sentir apesar de. Sim, a dor continua, cada vez lateja menos, mas você descobre que pode sentir-se feliz sentindo-se triste... é quando descobre que tem tanta coisa  te esperando por aí, esperando para ser descoberta, descobre que ainda vai tropeçar muito e vai se reerguer. Você descobre o valor da vida, nota o tom levemente rosa no céu às três da tarde e, mais que tudo, percebe que a vida só vale a pena se você vive e submete-se ao desconhecido - às supresas boas e ruins.
-Valeu a pena  - você vai dizer e sorrirá consigo mesma grata pelo o que aconteceu.  Mas é passado, acabou.
O agora é um presente de Deus, e você continua sua caminhada.

Emma

Some say he’s half man half fish, others say he’s more of a seventy/thirty split. Either way he’s a fishy bastard.

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